O problema pode estar na sua interpretação da realidade devido a distorções cognitivas. Pensar no que acontece em termos de preto e branco, ou tornar um evento uma generalização total, são alguns dos exemplos mais frequentes dessas crenças. No entanto, é possível trabalhar e desviá-los através da psicoterapia.
O que são distorções cognitivas?
A vida é principalmente sobre confronto e resolução constante de situações problemáticas. Ver o obstáculo, aceitá-lo, procurar soluções e agir é o curso ideal que as pessoas seguem repetidamente.
No entanto, a maioria, se não todos, admitiria que, em raras ocasiões, o ciclo ocorre tão puramente. A realidade geralmente requer um esforço racional e analítico para ser entendido em suas muitas arestas como humanamente possível.
Diante dessa suposição, o nó conflitante muitas vezes surge da própria origem: a interpretação do que é observado. Ou seja, desvios são gerados no mesmo começo mental.
Distorções cognitivas são modos errôneos de processamento de informações ou, em outras palavras, são mal-entendidos imperativos e negativos do ambiente que causam uma percepção do mundo disfuncional e pouco objetivo.
Esse tipo de cognição básica é automática e espontânea, porque se baseia nos próprios esquemas mentais que são aprendidos principalmente no entorno familiar e no ambiente.
Eles se tornam mais prejudiciais, mesmo quando a dinâmica entre o mecanismo do pensamento e o próprio pensamento é alimentada, dificultando as mudanças e levando à manutenção e reforço. Consequentemente, causam comportamentos desadaptativos, autopunição, culpa ou ansiedade.
No entanto, eles estão presentes em praticamente todas as pessoas, em maior ou menor grau, o que significa que, apesar da dificuldade, não é impossível mudar.
O problema pode estar na sua interpretação da realidade
Os profissionais de psicologia classificaram os tipos mais frequentes de distorções cognitivas. Algumas delas são:
1. Personalização
Tudo o que acontece no ambiente e o que os outros pensam, dizem ou fazem tem a ver consigo mesmo. As informações coletadas são contrastadas com a própria identidade e o valor auto-imposto está continuamente em jogo. Consequentemente, tudo o que acontece dá ou diminui a pessoa, independentemente de ela ter um papel ou não na situação interpretada.
Uma pergunta que pode ser feita para desarmar essa distorção pode ser: existe evidência racional suficiente para acreditar em uma coisa dessas?
2. Abstração seletiva
O aspecto negativo prevalece e o lado positivo de qualquer assunto é deixado de lado. Apenas uma única interpretação da realidade é uma questão e tende a ser pejorativa.
Diante desse cenário, vale a pena perguntar se certas circunstâncias eram realmente tão ruins e se haveria outra maneira de reagir se elas acontecessem novamente.
3. Supergeneralização
Isso acontece quando alguém conclui um dogma a partir de uma única experiência. É a tendência de pensar que, porque algo aconteceu uma vez, o próximo acontecerá novamente.
Duas maneiras adequadas de sair dessa distorção são: por um lado, listar as evidências que provam as exceções às generalizações e, por outro lado, substituir expressões como “nunca”, “sempre”, “tudo” ou “nenhum” por outras como ” É possível ”,“ às vezes ”ou“ frequentemente ”.
4. Falácias de controle
O indivíduo interpreta que o controle que ele tem ou não tem sobre os eventos de sua vida é extremo. Pode ser externo, quando se acredita que tudo o que acontece é culpa de fatores que estão fora de seu controle e se torna vítima de circunstâncias que geram impotência. Ou, do lado oposto, pode ser interno se tornar responsável por todas as circunstâncias ao seu redor, causando altos níveis de auto-demanda e responsabilidade sobre os outros.
Esse desvio pode ser questionado perguntando quanto nível de controle você tem sobre algo e se existe algum limite para esse controle. Pelo contrário, a pergunta pode ser: existem outros fatores além de você em jogo nessa situação?
5. Pensamento polarizado em preto ou branco
É a oscilação entre os extremos da interpretação, a leitura sempre cai de um lado do par de antônimos que descreve uma situação. Nesses casos, é complexo aceitar a existência de pontos intermediários.
Para desmontar esse engano, é possível deliberar quais evidências são mantidas para substanciar tal alegação.
6. Pensamento emocional
Consiste em acreditar que o que é interpretado é verdadeiro apenas porque é assim, como se os sentimentos sempre concordassem fielmente com a realidade.
Essa distorção é alcançada de maneira semelhante ao caso anterior: questionar sobre a quantidade de evidências para afirmar tal sentimento (os sentimentos sobre o assunto refletem fiel e objetivamente as coisas?)
7. Afirmações do tipo “should” ou “I have to”
Elas estão ligadas ao perfeccionismo e são em grande parte o resultado da educação recebida, por exemplo, nos casos de falta de avaliação ou de imposição do sentimento de inferioridade.
Repercutiu de várias maneiras no comportamento, mas você pode optar por se perguntar o que acontece se, eventualmente ou voluntariamente falhar ou estiver errado.
8. Inferência arbitrária ou leitura de pensamento
É um mecanismo psicológico pelo qual alguém assume o que o outro pensa, sente, experimenta ou interpreta das coisas. Também pode ocorrer em relação ao futuro, quando o que vai acontecer é sempre pressuposto. O problema aqui é que julgamentos arbitrários são gerados de acordo com a adivinhação e geralmente geram grandes controvérsias interpessoais.
Uma possível estratégia de desvio pode ser iniciada perguntando se há evidências de que tal conclusão é inegavelmente verdadeira e o que são.
9. Etiquetas
Isso acontece quando um julgamento total é gerado com base em uma única característica ou rasgos.
No entanto, pode-se perguntar: essa pessoa ou questão é sempre a mesma? Sou eu ou esse problema é 100% do tempo?
10. Viés de confirmação
É a tendência de registrar apenas as idéias que se encaixam na interpretação atual de algo. O contexto é filtrado e os testes que confirmam o preconceito são realizados.
Para desarmar esse viés, recomenda-se analisar as crenças de um ponto de vista oposto, tentando argumentar como se o contrário fosse acreditado.
11. Visão catastrófica
Implica considerar que, a partir de um evento, tudo de ruim pode acontecer. É o primeiro chute para a aceleração da ansiedade e suscita na imaginação tudo catastrófico que pode ser desencadeado.
Uma boa maneira de superar essa distorção é trabalhar na capacidade de estar no presente e com plena consciência.
Psicoterapia cognitiva
Essa prática do ramo da psicologia cognitiva coloca um foco especial em idéias, construções pessoais, crenças, atribuições de significado e expectativas. O precursor dessa terapia foi Aron Beck, que atribui às distorções o papel do processamento incorreto da informação que favorece os vieses.
O problema com esses processos desadaptativos é que eles podem se tornar desordens, mas, sem ir além, também podem constituir um estilo de vida ruim, causando sentimentos e ações inapropriadas.
Por esse motivo, através da terapia cognitiva, eles pretendem ser rastreados e detectados para substituí-los por pensamentos racionais e que correspondam o máximo possível à realidade. Consiste em um esforço de reestruturação, onde a chave está na busca de alternativas.
Foi demonstrada empiricamente a validade e a importância dessa psicoterapia para alcançar uma visão otimista por parte das pessoas sobre os eventos que ocorrem ao longo da vida.
Durante a maior parte do dia, os indivíduos se repetem certas idéias que não são completamente consistentes. Por esse motivo, a psicoterapia cognitiva procurará modificar a maneira de estruturar o mundo, para que possa determinar comportamentos e afetos harmônicos.