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Recuperando a linguagem mais bonita

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA

"Desde os primeiros anos, senti paixão pela palavra 'bonito'. Assim, a devoção à literatura me acompanha até o presente, nunca diminuindo meu interesse nela. Muitos livros e leituras ponderadas contribuíram para fortalecer esse vínculo. Mas apenas uma entre todas, uma fonte inesgotável de conhecimento, paz, deleite espiritual e salvação, me cativou completamente: a Bíblia", lembra…

Tercer Ángel

sábado 18/01/2020

Desde os primeiros anos, senti paixão pela palavra ‘bonito’. Assim, a devoção à literatura me acompanha até o presente, nunca diminuindo meu interesse nela. Muitos livros e leituras ponderadas contribuíram para fortalecer esse vínculo. Mas apenas uma entre todas, uma fonte inesgotável de conhecimento, paz, deleite espiritual e salvação, me cativou completamente: a Bíblia“, lembra Jorge Castañeda, poeta, jornalista e escritor, membro de organizações tão ecléticas quanto a Rede Internacional de Escritores para a Terra, o Ateneo Cultural de Buenos Aires e a Fraternidade Internacional de Escritores, bem como o Embaixador Universal da Paz (Unesco).

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O urso mais famoso, aquele que usou essa tradução de Casiodoro de Reina.

Seu texto para a agência APP continua assim:

“Meu apelo inicial à fé no evangelho, aos dez anos de idade, deixou marcas indeléveis em minha formação espiritual e nas cartas. Ainda me lembro com nostalgia dos primeiros sermões ouvidos na Igreja, onde aprendi a sonhar com meus heróis para sempre. : Moisés, Josué, Sansão, Davi, Salomão, Elias, Eliseu, Paulo, João e Jesus!

O capricho de Faraó no Egito, as pragas com as quais Deus golpeou aquele país, o Mar Vermelho cujas águas se abriram para que o povo de Israel escapasse milagrosamente, o tesouro escondido das parábolas de Nosso Senhor, o sicômoro onde o pequeno Zaqueu esperava por uma subida a passagem da comitiva de Jesus, a beleza do Sermão da Montanha, a luz que trouxe Saulo a caminho de Damasco, o discípulo amado diante dos céus abertos na ilha de Patmos. Tudo isso impressionou meu coração quando criança, com traços indeléveis.

Já adolescente, cursando o ensino médio com seus estudos em espanhol e gramática, apreciei em todo seu esplendor a beleza de algumas imagens das Sagradas Escrituras, e qual Moisés, tremí porque nessas frases descobri a mão de Deus. E por simples comparação com outras pessoas, eu sabia que a Bíblia é certamente o Livro dos livros, a escrita inspirada de Deus para seus filhos.

Hoje, quando leio e medito, sempre me surpreende, pois contém verdadeiras jóias literárias, imagens preciosas e inacessíveis, deleite do leitor atento e observador.

Por exemplo, diz o sábio rei Salomão no Cântico dos Cânticos:

“O conjunto de flores de hena nas vinhas de En Gadi é para mim meu amado”, que certamente é uma bela metáfora.

Ou o Jó sofrido, falando sobre o valor e a força do Leviatã, para o qual “saeta não o faz fugir, as pedras da funda são como palha. Ele tem todas as armas para o lixo das folhas, e a manivela da zombaria ”nos dá extraordinárias imagens literárias que produzem o efeito desejado e mostram a impotência do homem.

E o que dizer da beleza da palavra escrita, reconhecida por gerações de crentes, da pena de Davi, o rei poeta, quando ele diz dos justos que “será como uma árvore plantada ao lado de correntes de água, que dá frutos em seu tempo? e sua folha não cai, e tudo o que ele faz prosperará.”

Nahúm profetizando a destruição da cidade de Nínive, é apreciada uma verdadeira descoberta literária, que expressa como a cidade será tomada apesar de seus muros: “Todas as suas fortalezas serão como figueiras com breves, que, se as sacudirem, cairão na boca daquele que há de comê-las.

Que frase mais bela do que a promessa de Deus expressa pelos lábios de Malaquias: “Mais para você que teme meu nome, nascerá o sol da justiça, e nas suas asas trará salvação, e você sairá e saltará como bezerros da manada”?

Que coisa maior que o Sermão da Montanha, onde na síntese de algumas palavras é dito mais e melhor do que em mil escritos? Ou o Decálogo, onde Deus deu a seu servo Moisés as tabelas da lei, a base das relações humanas e morais da humanidade? Que história de aventura tem tanto sabor quanto a vida de Davi ou a de Elias, o profeta? Que romance de amor pode nos abalar tanto quanto os evangelhos? Que livro de previsões futuristas pode nos surpreender tanto quanto o Apocalipse de São João, o Teólogo?

É a Palavra de Deus, um verão inesgotável de ensinamentos ricos. Seus Provérbios ensinam mais do que todas as escolas e livros de auto-ajuda. Não há outro livro com imagens tão bonitas quanto anjos ao sol, cidades celestiais de ruas douradas e um trono brilhante de raios e trovões.

Se você me pedisse para escolher um versículo da Bíblia, sem dúvida eu citaria Apocalipse 2-19: “Aquele que vencer, alimentarei o maná oculto, e darei a ele uma pedra branca, e na pedra um novo nome, que ninguém sabe, mas que quem a recebe. E eu acredito na promessa dada aos fiéis da igreja em Pérgamo: o novo nome para os crentes que venceram as provações e são fiéis à Palavra de Deus.

Estamos no mês da Bíblia instituída pela primeira edição da famosa Bíblia Bear, da famosa versão Queen-Varela feita na Era de Ouro espanhola. Hoje, as palavras caíram em desuso e quase ninguém as entende. Meu poema “Diga-me, você entende o que lê?“, tente reunir alguns:

Biblia antigua con las anotaciones de su lector.
Bíblia antiga com as anotações de seu leitor.

Jota e til do colo do útero
gazofilacio amontoado
um símbolo esparso
na terra de Naftali.

Um sobreiro
ao Praetorium subjugado
uma gavinha adornada
e antimomia no perfil.

Um ciclo, o aguamanil
um carbúnculo que se prostrou
para uma coorte subjugada
ao rabanete de sua raiz.

Um eunuco examinado
concupiscência infeliz
com um onagro assustado
qual raposa no cubil.

O mandrake servil
e um sicômoro deitado
o anátema imprevisível
com pedreiro prumo.

Que bom repreender
sob um dracma coberto
tão feliz e humilhado
Como um voo para a perdiz.

Na hena, um xerife
e uma garota enalbardado
como um corso que assustou
Esconde-se no armazém.

Um alqueire que entra na dobra
com uma aljava do lado
e um pináculo atônito
correndo para a codorna”.

JORGE CASTAÑEDA.

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