Substituir o pensamento dos ruminantes por uma reflexão ativa e racional é uma boa estratégia para sair do ciclo de idéias obsessivas e cíclicas e sem solução possível. Essa questão se torna importante em um contexto em que uma em cada quatro pessoas sofre de um transtorno mental ao longo da vida (de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde).
Pensamento Ruminantes
Alguma especulação gira na mente de uma pessoa inúmeras vezes por dia. Cada vez que examina cada extremidade, procura soluções, imagina possibilidades e impedimentos, define o papel de si mesmo na equação e, assim, continua divagando circularmente.
É o que acontece com o pensamento ruminante: são idéias recorrentes que surgem do medo e da preocupação que se tornam uma dinâmica mental destrutiva, pois aumentam a ansiedade, o estresse e o mal-estar geral.
O termo foi popularizado pela pesquisadora Susan Nolen-Hoeksema, que o entendeu como uma revisão constante e passiva dos detalhes de um problema que nunca se torna ação. Pelo contrário, é fixo, limita a visão geral das coisas e pode até se tornar um distúrbio.
Culpar a si mesmo por um erro ou comportamento que pode ter sido diferente no passado, imaginando possíveis acidentes ao dirigir um veículo ou não ter certeza de que você fechou a porta da casa corretamente ao sair, são exemplos amigáveis comparados àqueles cuja frequência é acentuada e que pode tornar o indivíduo doente.
De um modo geral, a diferença entre os níveis normal e patológico dessas idéias intrusivas reside na capacidade de superar. Nos casos em que estratégias de enfrentamento são desenvolvidas, o ciclo para e a ruminação não persiste.
Mas, por outro lado, você pode tentar verificar se o pensamento está incorreto, expondo-se ao que você imagina, ou pode pagar seu medo acreditando que apenas deliberando isso pode se tornar realidade.
Por exemplo, se uma pessoa ruminiza o medo de matar alguém até pensar que quanto mais pensa sobre isso, mais real se torna, o problema piora e começa a modificar seu comportamento como resultado das precauções que acha que deveriam tomar.
Sair do circuito do ruminante
O cérebro é um órgão que precisa de glicose para funcionar como o resto do corpo humano. Ou seja, nada do que acontece lá passa despercebido, mas, pelo contrário, a insistência constante em uma idéia aumenta a vulnerabilidade ao sofrimento, ansiedade e depressão.
Algumas das primeiras consequências da ruminação são:
- Impede a concentração em uma ocupação, seja ela estudo ou trabalho
- Isso leva ao isolamento social
- Limite a capacidade de apreciar as coisas boas
- Causa fadiga emocional comparável à sensação após receber uma notícia ou estar perto de um grande evento.
Antes de qualquer um desses cenários, é recomendável não alimentar o pensamento, porque quando se acredita que está prestes a desatar o nó, o problema retorna à gestação e a mente tenta corrigi-lo.
Por outro lado, é essencial alcançar uma distância entre a pessoa e a ideia, até se apegar à convicção de que a identidade não é dada por esse link. E embora seja tarefa do terapeuta diagnosticar e tratar, se necessário, em linhas gerais, o circuito a seguir para treinar o cérebro e afastar a ruminação é o seguinte:
- Suponha que você não pode controlar tudo
- Identifique o pensamento
- Localize o momento em que ele surge
- Opte por uma atividade de corte, seja um barulho alto, grite “o suficiente”, aproxime-se de alguém para iniciar uma conversa etc.
- Repita sempre que aparecerem
Existem várias estratégias para colocar esse esquema em prática, mas o denominador comum de todas elas é a importância da disciplina e perseverança para exercitar a mente. Alguns exemplos:
A técnica de parar o pensamento diminui sua duração ou os torna menos invasivos
- Mindfulness
- Atenção aos cinco sentidos
- Substitua a crença irracional por uma racional e real
- Substitua o pensamento dos ruminantes pela reflexão ativa
Segundo a RAE, a ruminação está “mastigando pela segunda vez, devolvendo à boca os alimentos que já estavam no tanque que alguns animais têm para esse fim“. Em termos psicológicos, seria o comportamento de tirar da mente os pensamentos já conhecidos e revisá-los.
Mas também tem um segundo significado descrito como “considere devagar e pense com maturidade” mais ligado ao fenômeno da reflexão, explicado por Nolen-Hoeksema como um processo introspectivo que tem o objetivo de participar da resolução de problemas cognitivos para aliviar o humor e implementar mecanismos de resolução.
Aqui está a primeira diferença: a ruminação não propõe ação enquanto a reflexão faz. Ainda mais, pretende desarmar o esquema de pensamento que sustenta a persistência de idéias circulares.
Um estudo indica que “a reflexão, embora parecesse concomitantemente relacionada à presença de sintomatologia depressiva, esteve associada no tempo a uma diminuição nela; por outro lado, a ruminação, simultaneamente e longitudinalmente, foi associada ao aumento da sintomatologia depressiva.”
A segunda diferença postula que a atitude meditativa é um estado necessário, enquanto a circulação de idéias repetitivas gera culpa do silêncio e aumenta o humor negativo do indivíduo.
Ruminar um pensamento é comê-lo, prová-lo, retê-lo, realimentá-lo e assimilá-lo no corpo. Mas a reflexão postula outro fim que não se estagna em si mesmo: é tomado, discernido, compreendido, feito próprio e se torna ação.